terça-feira, 23 de agosto de 2011

ANIVERSÁRIO DO VASCO É HOMENAGEADO PELA JUSTIÇA DE MINAS.





"Gigante pela Própria Natureza

Numa época em que o racismo dominava o esporte, quatro jovens e idealistas remadores se reuniram no Rio de Janeiro/RJ e fundaram, em 21 de agosto de 1898, uma agremiação esportiva permeada, desde suas origens, pela mentalidade da união, igualdade, respeito e inclusão.

Mais do que unir portugueses e brasileiros, aproximou e igualou, de norte a sul deste país, em torno dos mesmos ideais, atletas e torcedores de todas as raças, credos e estratos sociais.

Pioneiro.

Inicialmente dedicada às práticas do remo e do tiro, formou o seu primeiro time de futebol em 26 de novembro de 1915, elegendo o primeiro presidente não-branco da história dos clubes esportivos do Rio de Janeiro.

Inédito.

Já no ano de sua estréia na primeira divisão do Campeonato Carioca de Futebol, em 1923, em competição que reunia os outros grandes clubes, sagrou-se campeão, marcando definitivamente a história do clube, do Rio de Janeiro e do Brasil como a primeira equipe integrada por afro-descendentes, pobres e operários campeã daquele que talvez era o mais importante campeonato do país à época, tempo em que o futebol era reduto dos brancos e das elites.

Revolucionário.

A façanha do congraçamento entre negros e portugueses que, unidos, construíram esta agremiação e resultou na surpreendente derrota dos adversários, levou-os a fomentar campanha, com o objetivo de exclusão do campeonato, sob as alegações de que seu quadro de atletas era formado por pessoas de ‘profissão duvidosa’ e que o clube não possuía um estádio próprio. Não satisfeitos, os clubes da zona sul (área de elite da cidade do Rio de Janeiro), Botafogo, Flamengo, Fluminense e mais alguns outros encontraram a solução para se verem livres da instituição que a todos acolhia no ano seguinte. Reunidos, em conluio, abandonaram a Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) e fundaram a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), deixando de fora a agremiação, que só poderia se filiar à nova entidade caso dispensasse doze de seus atletas (todos negros) sob a acusação de que teriam ‘profissão duvidosa’. Diante da situação imposta, em 1924, seu presidente, José Augusto Prestes, enviou uma carta à AMEA, que veio a ser conhecida como a ‘resposta histórica’, recusando a se submeter à condição imposta e desistindo de a ela se filiar.

A carta entrou para a história como marco da luta contra o racismo no futebol.

Dignidade.

Desta forma, em 1924 foram disputados simultaneamente dois campeonatos, sendo o da LMDT vencido de forma invicta pela entidade que a ninguém discriminava, conquistando assim o bicampeonato estadual.

No ano seguinte, o clube venceu as resistências da AMEA e, sem ceder aos seus ideais, conseguiu a ela integrar-se e voltou a disputar o campeonato contra os grandes times sob a condição de disputar seus jogos no campo do Andarahy. Apesar disso, decidiu construir o seu próprio estádio, para acabar com qualquer exigência. O local escolhido para a construção foi a chácara de São Januário, que fora um presente de Dom Pedro I à Marquesa de Santos.

Em 21 de abril de 1927, inaugurou o então maior estádio do Brasil, o Estádio de São Januário, construído em dez meses e exclusivamente com dinheiro arrecadado por uma campanha de recolhimento de donativos de torcedores de toda a cidade. Dois anos depois seria inaugurada a sua iluminação, passando a ser o único clube do país com um estádio em condições de sediar jogos noturnos, palco, até hoje, de alguns dos mais importantes eventos políticos, sociais e esportivos da nação brasileira.

Sua história de sucessos, não por acaso, é ímpar e emblemática.

Essa agremiação de que falo e escrevo, das mais antigas e vitoriosas do país – em diversas e destacadas modalidades esportivas – comemora 113 anos de bela, ousada, inovadora, leal e histórica tradição, é o Club de Regatas Vasco da Gama.

Clube que congrega, na sublime poesia de Artur da Távola, os navegantes da esperança, unidos pela virtude, vontade, valor e vida; o popular sem populismo; tradição, ousadia e renovação; a cruz no peito, o sonho n’alma e o amor no coração.

Ser Vasco, antes de tudo, é sentimento.

Parabéns, Gigante da Colina!

Belo Horizonte, 21 de agosto de 2011.

Marcelo Guimarães Rodrigues

Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
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Créditos: Marcelo Coelho.


Fonte: Super Vasco.

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